As mulheres estão cada vez mais presentes no mundo empresarial, e isso exige a revisão de práticas e conceitos
A presença das mulheres no universo empresarial e do trabalho se amplia a cada dia e traz inevitável material para reflexão. Tema explosivo, em constante mutação, exige revisão constante de conceitos e permanente esforço de observar práticas, estatísticas e novas necessidades.
Coisa 1: O símbolo histórico do empreendedor carregado de audácia, determinação e com atitude é sem dúvida Marco Polo, o veneziano que há mais de 600 anos encasquetou na cabeça a ideia de criar uma ponte de comunicação e negócios entre a Europa e a Ásia e o fez, sem qualquer interesse em conquistas territoriais ou atitudes bélicas. A velha frase “Vim, vi e venci” deveria ser utilizada muito mais quando falamos desse Marco do que quando nos lembramos de velhos Marcos romanos, com suas túnicas sujas de vinho e lambuzadas por Cleópatras inquietas.
Coisa 2: O termo “empreendedor” foi criado na França, muito depois da bela história do veneziano, no século 17. A palavra significava “aquele que se compromete com um trabalho ou uma atividade específica e significante”. Escrever este artigo é um ato empreendedor, subir a um palco ou entrar num campo de futebol repleto é um ato empreendedor. Só mais recentemente é que a palavra ganhou um ar de “referência econômica”, mas sua origem continua irretocável.
Coisa 3: Empreende-se por oportunidade, desejo ou necessidade. Essas são as três origens do fazer e nenhuma delas desmerece ou diminui a atividade.
Coisa 4: Universo frequentado quase com exclusividade pelos homens ate dez anos atrás, hoje o empreendedorismo no Brasil é uma atividade majoritariamente feminina. Um estudo internacional feito por um organismo chamado Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que, em 2009, no Brasil, 53% das empresas em estágio inicial ou com menos de 48 meses de vida eram de propriedade de mulheres. Aos homens restavam os outros 47%. Estima-se que, neste exato momento, mais de 60% das empresas já sejam objeto da iniciativa feminina. Marco Polo, se vivo, certamente estaria encantado com a novidade.
Coisa 5: Mas o que é uma empresa feminina ou sob a liderança de mulheres? Já existe algum diferencial claramente medido sobre esse assunto? Retirados de cena os velhos chavões sobre a sensibilidade e a intuição feminina, o que será que essas novas lideranças sociais estão criando de novo, nas relações sociais das empresas, nos comportamentos de mercado e na relação dos produtos com consumidores? Será que alguém já tem estas respostas mapeadas?
Coisa 6: Do total de PMEs brasileiras, 52,5% são criadas por pessoas na faixa dos 18 aos 34 anos. Ou seja, utilizando a ideia do “padrão prevalente”, o empreendedor brasileiro é uma mulher com idade entre 18 e 34 anos. Acertei ou você que me lê está fora do padrão?
Coisa 7: Até hoje são necessários avanços sociais legítimos no Brasil para garantir direitos da mulher trabalhadora, como o recente projeto de lei que garante equiparação salarial para homens e mulheres nas mesmas funções. Mas preste atenção: nos setores de ponta da sociedade (universidades, empreendedores, produção cultural e muitos outros), a presença feminina já é muito maior do que a presença do macho tradicional. Em breve (entre 10 e 15 anos), a justiça social vai inverter seu foco, para garantir a presença e a sobrevivência masculina em muitas áreas.
Coisa 8: Pedi a um amigo livreiro que consultasse em sua estante dez revistas brasileiras de qualquer tipo e somasse o número de mulheres e homens no expediente das publicações. Resultado: 67% de mulheres e 33% de homens. Na nossa Pequenas Empresas & Grandes Negócios, uma equipe de treze pessoas cuida das edições impressa e digital: são dez mulheres e três homens.
Coisa 9 e última: O que você, nossa cara leitora, lê é escrito basicamente por mulheres. E você, nosso escasso e cada vez mais raro leitor, de cada 10 palavras que lê, apenas 2 ou 3 são mal traçadas por seus bípedes assemelhados. O que será o amanhã ou isso já é um amanhã?
* Jack London é fundador da Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e da Tix, empresa de comercialização de ingressos on-line. Atualmente é professor, consultor e empreendedor
Coisa 1: O símbolo histórico do empreendedor carregado de audácia, determinação e com atitude é sem dúvida Marco Polo, o veneziano que há mais de 600 anos encasquetou na cabeça a ideia de criar uma ponte de comunicação e negócios entre a Europa e a Ásia e o fez, sem qualquer interesse em conquistas territoriais ou atitudes bélicas. A velha frase “Vim, vi e venci” deveria ser utilizada muito mais quando falamos desse Marco do que quando nos lembramos de velhos Marcos romanos, com suas túnicas sujas de vinho e lambuzadas por Cleópatras inquietas.
Coisa 2: O termo “empreendedor” foi criado na França, muito depois da bela história do veneziano, no século 17. A palavra significava “aquele que se compromete com um trabalho ou uma atividade específica e significante”. Escrever este artigo é um ato empreendedor, subir a um palco ou entrar num campo de futebol repleto é um ato empreendedor. Só mais recentemente é que a palavra ganhou um ar de “referência econômica”, mas sua origem continua irretocável.
Coisa 3: Empreende-se por oportunidade, desejo ou necessidade. Essas são as três origens do fazer e nenhuma delas desmerece ou diminui a atividade.
Coisa 4: Universo frequentado quase com exclusividade pelos homens ate dez anos atrás, hoje o empreendedorismo no Brasil é uma atividade majoritariamente feminina. Um estudo internacional feito por um organismo chamado Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que, em 2009, no Brasil, 53% das empresas em estágio inicial ou com menos de 48 meses de vida eram de propriedade de mulheres. Aos homens restavam os outros 47%. Estima-se que, neste exato momento, mais de 60% das empresas já sejam objeto da iniciativa feminina. Marco Polo, se vivo, certamente estaria encantado com a novidade.
Coisa 5: Mas o que é uma empresa feminina ou sob a liderança de mulheres? Já existe algum diferencial claramente medido sobre esse assunto? Retirados de cena os velhos chavões sobre a sensibilidade e a intuição feminina, o que será que essas novas lideranças sociais estão criando de novo, nas relações sociais das empresas, nos comportamentos de mercado e na relação dos produtos com consumidores? Será que alguém já tem estas respostas mapeadas?
Coisa 6: Do total de PMEs brasileiras, 52,5% são criadas por pessoas na faixa dos 18 aos 34 anos. Ou seja, utilizando a ideia do “padrão prevalente”, o empreendedor brasileiro é uma mulher com idade entre 18 e 34 anos. Acertei ou você que me lê está fora do padrão?
Coisa 7: Até hoje são necessários avanços sociais legítimos no Brasil para garantir direitos da mulher trabalhadora, como o recente projeto de lei que garante equiparação salarial para homens e mulheres nas mesmas funções. Mas preste atenção: nos setores de ponta da sociedade (universidades, empreendedores, produção cultural e muitos outros), a presença feminina já é muito maior do que a presença do macho tradicional. Em breve (entre 10 e 15 anos), a justiça social vai inverter seu foco, para garantir a presença e a sobrevivência masculina em muitas áreas.
Coisa 8: Pedi a um amigo livreiro que consultasse em sua estante dez revistas brasileiras de qualquer tipo e somasse o número de mulheres e homens no expediente das publicações. Resultado: 67% de mulheres e 33% de homens. Na nossa Pequenas Empresas & Grandes Negócios, uma equipe de treze pessoas cuida das edições impressa e digital: são dez mulheres e três homens.
Coisa 9 e última: O que você, nossa cara leitora, lê é escrito basicamente por mulheres. E você, nosso escasso e cada vez mais raro leitor, de cada 10 palavras que lê, apenas 2 ou 3 são mal traçadas por seus bípedes assemelhados. O que será o amanhã ou isso já é um amanhã?
* Jack London é fundador da Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e da Tix, empresa de comercialização de ingressos on-line. Atualmente é professor, consultor e empreendedor
Coluna de Jack London no PEGN.
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