quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Uso de Expressões Estrangeiras e a Língua Portuguesa: Discussão Acadêmica e Popular


(Co-autoria: Otávio Carvalho Filho)

Ao reler o artigo anterior, surgiu uma discussão que julgo pertinente dividir com os leitores. Os senhores devem ter percebido um movimento de valorização da língua portuguesa, e o Poder Judiciário, através de alguns juízes, se manifestaram quanto ao uso de palavras e expressões não pertencentes à língua portuguesa.
O Banco do Brasil, há alguns anos atrás, por pressão dos clientes, mudou placas de orientação em que usava palavras em inglês para o português.
No dia 13 de janeiro os jornais e televisões veicularam uma notícia sobre liminar do Juiz Federal Substituto da 1ª Vara de Guarulhos, Antônio André Muniz Mascarenhas de Souza, em que atribui à União (Poder Executivo Federal) a fiscalização do comércio, para que em vitrines, prateleiras e anúncios tenham palavras ou expressões estrangeiras acompanhadas da sua tradução, em letras de mesmo tamanho.
A liminar se baseia no Código do Consumidor, art. 31, que determina que a exposição ou anúncios de produtos e serviços deve conter “informações claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidades, bem como outros dados”.
Nos conceitos apresentados no artigo anterior, se percebe a forte influência da Academia Norte Americana de Marketing. Os autores Kotler, Churchill e Peter, professores de universidades dos Estados Unidos, tiveram seus livros traduzidos para a língua portuguesa por professores da área de Administração e Marketing, vinculados às maiores universidades brasileiras.  
Isto nos leva a repensar sobre a forte influência do inglês nas traduções dos livros técnicos. Tentarei ser mais clara, observando a tradução de alguns conceitos, iniciando por Kotler (2000): “Marketing é o processo por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros”; que poderíamos traduzir como: “processo pelo qual pessoas (transmite a idéia de grupo, não é necessária a repetição) obtêm aquilo que necessitam e desejam negociando livremente produtos e serviços, criados e oferecidos pelas organizações, que as satisfaçam”.
O segundo caso é a tradução do conceito de Churchill e Peter (2003): “Marketing é o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção, e distribuição de idéias, bens e serviços, a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”, que ficaria mais clara com os verbos no infinitivo, como: “Marketing é o processo de planejar, conceber, estabelecer preços, promover, e distribuir idéias, bens e serviços, a fim de promover trocas que satisfaçam os indivíduos e as organizações”.  
Sempre tive dificuldades, com a língua portuguesa, principalmente com a escrita e o convite para escrever uma coluna quinzenal me dá a oportunidade de me superar nesse campo, e como minha “carga” de leitura aumentou consideravelmente, tenho discutido com meus pais e amigos vários assuntos, entre eles o português.  
Percebo críticas dos leitores dos grandes jornais brasileiros, quanto à escrita dos jornalistas, como baseei meus dois artigos anteriores em livros acadêmicos, e tenho lido muitos artigos publicados em anais de eventos científicos nacionais, percebo o quanto o português tem sido negligenciado. Sem contar que expressões estrangeiras são comumente empregadas por catedráticos, em publicações, sala de aula ou palestras, e que não se preocupam se estão sendo entendidos ou não, pergunto: a discussão sobre o distanciamento entre a academia e a sociedade, não é conseqüência do uso excessivo de jargões profissionais, normalmente, constituído de palavras, expressões e siglas estrangeiras?

PS: Recomendo que os brasileiros, que tenham a oportunidade de ir a São Paulo, que visitem o Museu da Língua Portuguesa.

Consultem

Movimento pela Valorização da Cultura, do Idioma e das Riquezas do Brasil – http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/portugues/port10.htm

Estrangeirismo na Década de 20 - http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_noticias/academia/id040402.htm


Referências

CHURCHILL JR., Gilbert A. e PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2003.
JORNAL DA TARDE.  Vitrines em português. Publicado em 13 jan. 2007.
KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

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